A crise de Lester Burnham (Kevin Spacey) arrasta-o para um beco sem saída emocional, mas também físico (anuncia-nos, logo no início, que a sua vida não durará muito).
É odiado pela mulher, Carolyn, que só pensa em triunfar com o seu negócio imobiliário, e pela filha adolescente, Jane. O seu emprego está por um fio. Entretanto sente-se fortemente atraído por uma colega de Jane, Angela, à qual atribui o papel central nas suas visões erótico-artísticas.
Para a casa ao lado muda-se a família Fitts. Ricky, sempre armado com uma câmara de vídeo, mostra-se fascinado por Jane. O pai é um coronel dos Marines, aposentado, exacerbadamente nacionalista, homofóbico e decidido a "curar" o filho de qualquer fuga às suas normas rígidas.
É um filme rico em elementos de uma normalidade suburbana americana com a qual já nos familiarizamos. Os personagens que a povoam tendem a ser também déjà vus: a estudante atraente que usa a sua imagem, e o sexo, para triunfar, face à jovem mais introvertida e menos popular; o adolescente problemático, levado pelos pais de escola em escola; a família religiosa e moralmente branqueada, na sua casa arrumadinha e brilhante; a mulher que vive para a carreira e que luta contra a frustração do fracasso.
Assim, descrever o filme de Sam Mendes a alguém, tentando ao mesmo tendo recomendá-lo, pode ser uma tarefa complicada. Não é certamente da história e dos temas abordados, isoladamente, de onde emana este fascínio que nos envolve, mas da particular sensibilidade do cineasta, no tratamento do material, e de um excelente elenco, encabeçado pelo brilhante Kevin Spacey.