domingo, 16 de dezembro de 2007

Beleza Americana

A crise de Lester Burnham (Kevin Spacey) arrasta-o para um beco sem saída emocional, mas também físico (anuncia-nos, logo no início, que a sua vida não durará muito).
É odiado pela mulher, Carolyn, que só pensa em triunfar com o seu negócio imobiliário, e pela filha adolescente, Jane. O seu emprego está por um fio. Entretanto sente-se fortemente atraído por uma colega de Jane, Angela, à qual atribui o papel central nas suas visões erótico-artísticas.
Para a casa ao lado muda-se a família Fitts. Ricky, sempre armado com uma câmara de vídeo, mostra-se fascinado por Jane. O pai é um coronel dos Marines, aposentado, exacerbadamente nacionalista, homofóbico e decidido a "curar" o filho de qualquer fuga às suas normas rígidas.
É um filme rico em elementos de uma normalidade suburbana americana com a qual já nos familiarizamos. Os personagens que a povoam tendem a ser também déjà vus: a estudante atraente que usa a sua imagem, e o sexo, para triunfar, face à jovem mais introvertida e menos popular; o adolescente problemático, levado pelos pais de escola em escola; a família religiosa e moralmente branqueada, na sua casa arrumadinha e brilhante; a mulher que vive para a carreira e que luta contra a frustração do fracasso.

Assim, descrever o filme de Sam Mendes a alguém, tentando ao mesmo tendo recomendá-lo, pode ser uma tarefa complicada. Não é certamente da história e dos temas abordados, isoladamente, de onde emana este fascínio que nos envolve, mas da particular sensibilidade do cineasta, no tratamento do material, e de um excelente elenco, encabeçado pelo brilhante Kevin Spacey.

A Vida é Bela

A fantástica saga do livreiro Guido Orefice e de como ele conseguiu, por meio da imaginação e da fantasia, transformar os horrores da rotina de um campo de concentração nazista em regras de uma gincana, pelo menos aos olhos do filho de seis anos, conquistou crítica e público com seu espírito leve, porém crítico, e a coragem de fazer uma comédia para falar do que foi o maior drama do século 20: o Holocausto.

O filme traz o contraste entre a vontade de ser feliz e a monstruosidade dos acontecimentos que circundam os personagens, na Itália da Segunda Guerra Mundial. Para fazer "A Vida é Bela", além de Charles Chaplin, uma influência confessa constante, Benigni se inspirou também no que escreveu Leon Trotsky, um dos artífices do socialismo russo, em seu exílio no México.

Foragido de seu país, recluso numa terra estranha e sob a ameaça de ser morto a qualquer momento, Trotsky, em dado momento, contempla a mulher no jardim e escreve que, apesar de tudo, a vida é bela e digna de ser vivida.

É esse otimismo incansável que impregna a história de Guido e de sua família do começo ao fim e a torna, como seu diretor disse, "um hino ao fato de sermos condenados a amar poeticamente a vida porque ela é bela".

O filme pode ser dividido em duas partes muito bem definidas: a luta de Guido (vivido pelo também diretor Benigni) para conquistar seu amor Dora (interpretada por Braschi, mulher de Benigni na vida real) na primeira parte e a luta pela sobrevivência de sua família durante a Segunda Guerra Mundial na segunda metade do filme.
Um filme tocante que ganhou o Oscar de Filme Estrangeiro.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Era Uma Vez na América

Para alguns, a vida é uma simples progressão de acontecimentos corriqueiros que se sucedem com o passar dos anos. Para outros, isso é pouco.
Amigos leais, Noodles (Robert de Niro) e Max (James Woods) foram crianças de ascendência judia comuns do Lower East Side nova-iorquino no começo do século 20. Mas queriam mais. Primeiro o envolvimento com o crime. Depois, o controle de todas as ações criminosas da região: um verdadeiro império.
Dirigido pelo cultuado Sergio Leone, Era Uma Vez na América conta cinco décadas de ações criminosas e das vidas das pessoas por trás delas. Aclamado como um dos mais contundentes e melhores filmes de gângsteres da história do cinema. Um épico policial dramático e grandioso, com um elenco à sua altura.
Mais que uma história na América, um fragmento importante da própria história americana.Projeto gigantesco. Quase quatro horas de duração (na versão do diretor). Orçamento de trinta milhões de dólares. Cenários e figurinos de três épocas diferentes. Robert De Niro como ator principal.
Era Uma Vez na América, o último filme de Sergio Leone, foi um desafio em vários sentidos. Os produtores, receosos de um fracasso no mercado americano, reduziram o filme para pouco mais de duas horas e aí provocaram o que temiam: baixas bilheterias e críticas ruins. Leone conseguiu, então, distribuir o filme na Europa na versão original, e tudo mudou: excelentes críticas e bom faturamento.
Mais tarde, relançado nos cinemas dos Estados Unidos, em sua versão Era Uma Vez na América fez o sucesso que merecia. Um épico não poderia mesmo ter uma trajetória burocrática.

Diários de Motocicleta

Um filme que retrata a viagem feita na década de 90 por Ernesto Che Guevara e seu amigo Alberto Granado pela América Latina.
O objetivo, a princípio, era percorrer cerca de 8000 km e explorar o continente que até então só conheciam através dos livros, questão que os deixavam intrigados pois tinham um amplo conhecimento da Grécia Antiga e da Europa, mas em compensação não tinham o mesmo pelo seu próprio continente, sendo esses um dos motivos que os fizeram partir para a explorar o território latino americano.
Os viajantes partiram da Argentina passando por diversos lugares e chegando ao destino final que seria a Venezuela. No decorrer da viagem são surpreendidos pela extraordinária geografia física e humana do continente, o qual havia muita pobreza, fazendo com que os dois mudassem de mentalidade ao longo da viagem, principalmente Che.

Aos poucos eles começam a se sensibilizarem com a extensa pobreza e desigualdade existente no continente. Um dos principais fatores dessa mudança foi sentido quando chegaram na colônia da San Pablo no Peru (Amazônia peruana) onde havia um leprosário. Este leprosário era composto de uma verdadeira segregação entre os doentes, os quais se localizavam na zona sul da colônia, e os médicos e companhia que se encontravam ao norte da colônia, esta que era dividida pelo rio Amazonas, sendo que essa questão da segregação foi uma da que mais tocou Che.
Lá mesmo, na colônia, Che começa a aprofundar seus princípios revolucionários, sobretudo quando faz um discurso a respeito do desejo de uma América unida, sem divisões de nacionalidades, mas sim uma América constituída de uma única raça mestiça, que podemos ver uma certa influencia de Simon Bolívar que teve esse mesmo desejo no século XVIII a respeito do Pan-americanismo (bolivarismo).
Notando assim o tanto que essa viagem influenciou os pensamentos e princípios de CHE. Sendo uma viagem a princípio com o objetivo de aventura, e no fim acaba definindo o destino de um dos maiores lideres revolucionários do séc XX.
Oito anos após a viagem Ernesto já se torna o tão reconhecido Che Guevara um dos líderes mais proeminentes e inspiradores da Revolução Cubana na qual lutou por seus princípios, muito deles adquiridos na viagem pela América Latina. Sendo assim uma viagem de autoconhecimento e transformação para Che.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Cinema Paradiso

Um filme Lindo, Lindo, Lindo!!!... Salvatore di Vita é um cineasta bem-sucedido que vive em Roma. Um dia ele recebe um telefonema de sua mãe avisando que Alfredo está morto.
A menção deste nome nome traz lembranças de sua infância e, principalmente, do Cinema Paradiso, para onde Salvatore, então chamado de Totó, fugia sempre que podia, e fazia companhia a Alfredo, o projecionista.
E ali Totó aprendeu a amar o cinema.Após um caso de amor frustrado com Elena, a filha do banqueiro da cidade, Totó deixa a cidade e vai para Roma, só retornarnando trinta anos depois, por causa da morte de Alfredo.
Cinema Paradiso é um dos casos mais curiosos de uma fita que fracassou em sua terra natal para depois ser consagrada no resto do mundo. O filme só conseguiu um pouco de sucesso na Itália quando foi exibido pela terceira vez, e mesmo assim nunca estourou.
Vencedor do Prêmio Especial do Júri em Cannes, em 1989, ganhou também o Oscar de filme estrangeiro no ano seguinte. Nunca houve coisa igual em 20 anos de Festival de Cannes: a difícil platéia de críticos e profissionais aplaudiu este filme de pé durante vários minutos, consagrando o que era até então um fracasso em sua terra natal.
O filme é também um catálogo de citações de todos os grandes momentos do cinema italiano do pós-guerra, com menções a figuras como Totó, Brigitte Bardot, Fellini, Sordi, Yvonne Sanson, Massimo Girotti, Gabin e Renoir, Chaplin, Garbo, Silvana Mangano, "Ulisses" com Kirk Douglas, "Pobres mas Belas", etc.
Não é à toa que Cinema Paradiso" é um dos filmes mais queridos de nossa época. É porque nos toca diretamente no coração e nas tantas lembranças que o cinema nos deu.

Adeus, Lênin!

A maior e melhor característica de Adeus, Lênin não é sua análise ou seu posicionamento crítico sobre a Alemanha que não deu certo, mas o carinho que o diretor mostra ao construir cada cena, ao apresentar cada personagem.

O filme de Wolfgang Becker poderia recorrer ao estereótipo do filme de família, mas, ao contrário, abraça um realismo quase fantástico para falar de amor. Amor entre filho e mãe, sobretudo. Para ajudar sua mãe a se recuperar de um recém-saído estado de coma, o personagem de Daniel Bruhl, um ator surpreendente, resolve mudar a história. Ele restaura a Alemanha Oriental pré-derrubada do Muro de Berlim em depoimentos, vídeos forjados e vidros de pepinos em conserva. Tudo para evitar que a mãe, socialista de carteirinha - e ainda instável depois de despertar de um sono de sete meses, acredite que nada mudou.

Mas sustentar um universo inteiro é complicado e o bom filho precisa fazer com que as mudanças na Alemanha aconteçam aos poucos. Aos poucos, Bruhl refaz a história e cria sua Alemanha perfeita. Comanda mudanças, abraça exilados e multinacionais. E o mundo de seus sonhos passados vai se tornando possível. Wolfgang Becker quis retornar para sua Alemanha idealizada e fez essa viagem com carinho. A família protagonista revela um amor e um cuidado entre seus integrantes que pouco combinam com o estereótipo gélido do alemão comum.

Daniel Bruhl comanda um elenco interadíssimo, onde quase todos têm seu destaque. Sua interpretação é tão despretensiosa e envolvente que torcer por sua personagem é obrigatório. Ao seu lado, Maria Simon, que foge das prisões de uma personagem maluquinha para nos entregar uma filha preocupada, e Chulpan Khamatova, com a namorada-enfermeira apaixonante.

Mas Katrin Saß é quem tem a melhor cena do filme. Quando levanta da cama para olhar Berlim de perto, e vê Lênin voar sobre as ruas da cidade, a atriz representa um povo inteiro que viu seu passado de pedra ir embora pelos ares. Wolfgang Becker brinda ao fim das utopias, com delicadeza para não quebrar as taças.

Sociedade dos Poetas Mortos

Em 1959 na Welton Academy, uma tradicional escola preparatória, um ex-aluno (Robin Williams) se torna o novo professor de literatura, mas logo seus métodos de incentivar os alunos a pensarem por si mesmos cria um choque com a ortodoxa direção do colégio, principalmente quando ele fala aos seus alunos sobre a "Sociedade dos Poetas Mortos".

Um filme se torna mais do que uma mera peça de entretenimento quando exerce algum tipo de impacto sobre o comportamento de alguém. Os melhores filmes deixam marcas, às vezes, em toda uma geração. Vez por outro, filmes não tão bons, mas impactantes, exercem efeito semelhante, para logo em seguida serem esquecidos. Este é o caso de “Sociedade dos Poetas Mortos” (Dead Poets Society, EUA, 1989), o filme mais famoso do diretor australiano Peter Weir.
O longa-metragem com Robin Williams fez um tremendo sucesso entre os jovens no início da década de 1990, mas não sobreviveu muito bem ao sucesso inicial.

Há alguma razão específica para esse fenômeno? Sim, existe: “Sociedade dos Poetas Mortos” é um filme de temática aparentemente subversiva, mas enterrada em um profundo conservadorismo estético e narrativo. Em outras palavras, trata-se de um filme que valoriza as liberdades individuais, e a importância de aprender a desenvolver as próprias idéias, sem copiar nada de ninguém. Só que Peter Weir não seguiu a própria recomendação e fez um filme igual, em aparência e estrutura, a muitos outros. Talvez seja este o motivo da película ter tido sobrevida tão curta, porque, obviamente, ela está longe de ser taxada de ruim.

Para determinada geração, que tinha em torno de 18 anos na virada das décadas de 1980/90, “Sociedade dos Poetas Mortos” exerceu um papel importante, pois representou o resgate de valores que pareciam velhos, antiquados, pouco atraentes. O filme utiliza citações e trechos de poesias de Walt Whitman, Henry David Thoreau, Byron e William Shakespeare, entre outros ícones da literatura romântica e rebelde, para apresentar a sua lição: a boa arte, a verdadeira arte, é aquela que desperta paixões, que celebra a vida. Não tem nada a ver com a fria matemática literária que nos ensinam nas escolas. A arte ensina a pensar. Arte é liberdade.
Peter Weir realiza um trabalho meticuloso, colocando o espectador na mesma posição dos alunos de Keating. “Sociedade dos Poetas Mortos” não é sobre poesia e arte, mas sobre liberdade e autonomia de pensamento.
Nesse sentido, conta com a preciosa colaboração do fotógrafo John Seale (Oscar por “O Paciente Inglês”). A fotografia de Seale é majestosa, e não apenas nas belas imagens da natureza ao redor do campus, como na linda tomada em que um dos alunos desce uma colina de bicicleta, causando uma revoada de pássaros à beira de uma lagoa. A maior parte das cenas se passa em interiores, e a iluminação é perfeita. Preste atenção, por exemplo, nas seqüências que se passam dentro da caverna, iluminadas por velas. A atmosfera é gótica, mas jamais ameaçadora; apenas um pouquinho melancólica.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Trem da Vida

Em todas as matérias na mídia sobre Trem da Vida, foram feitas comparações com o filme italiano A Vida é Bela. O fato é que o diretor de Trem da Vida, o romeno Radu Mihaileanu, escreveu o roteiro de seu filme entre 1993 a 1994 e mandou uma cópia para Roberto Benigni, convidando-o para atuar em Trem da Vida. O comediante italiano recusou e, anos depois, ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Em 1941, um vilarejo na Europa Ocidental recebe o alerta de que os nazistas estão chegando para deportar todos os judeus.
Quem dá a notícia é Schlomo, o bobo da aldeia, que é o único capaz de sugerir uma saída: os próprios habitantes irão forjar um trem nazista, interpretando eles mesmo os alemães, os maquinistas e os deportados.
Antes da chegada dos verdadeiros nazistas, o trem parte com destino à Terra Prometida. Tudo vai conforme planejado, exceto pelo fato de que as encenações começam a ficar cada vez mais realistas.
Os "nazistas" se tornam mais autoritários; os "deportados" começam a tramar uma rebelião contra seus falsos algozes, e outros se declaram "comunistas", querendo lutar contra os fascistas, os burgueses e os imperialistas.
Também são hilárias as situações onde o escolhido para ser o comandante do trem treina o vocabulário alemão "sem sotaque" e as diversas piadas com a ganância financeira dos judeus e seus apelos de barganha. O curioso é que, pela primeira vez na história do cinema, o nazismo não é retratado de forma aterrorizante. Fala-se que os nazistas estão matando judeus, mas toda vez que os soldados de Hitler aparecem na tela são como se fossem uns abobados, facilmente enganados pelos alegres judeus. Dessa forma, o holocausto ganha uma versão fantasiosa e de nada adianta tantas raças e crenças diferentes, já que todos buscam a mesma coisa de maneira esperançosa: uma vida melhor.
Vencedor de inúmeros prêmios em todo o mundo, O Trem da Vida é um dos melhores filmes dos últimos tempos sobre o Holocausto.

domingo, 2 de dezembro de 2007

O Auto da Compadecida

As aventuras de um sertanejo pobre e mentiroso, chamado João Grilo, narradas na premiada peça Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, originalmente escrita em 1955 chega ao cinema na versão de Guel Arraes, Adriana Falcão e João Falcão. O filme tem a direção de Guel Arraes e ainda ganhou trilha sonora original, com produção de João Falcão, e um tratamento visual que faz um paralelo entre o Nordeste dos anos 30 e a Idade Média.Matheus Nachtergaele interpreta João Grilo, o nordestino sabido, que luta pelo pão de cada dia, e atravessa vários episódios enganando a todos, ao lado de Chicó (Selton Mello), seu companheiro de estrada. Descritos como personagens picarescos pelo diretor Guel Arraes, João Grilo e Chicó são os protagonistas desta história.
Ganhou 4 prêmios no Grande Prêmio Cinema Brasil, nas seguintes categorias: Melhor Diretor, Melhor Ator (Matheus Natchergaele), Melhor Roteiro e Melhor Lançamento. Recebeu ainda uma indicação na categoria de Melhor Filme.
O Auto da Compadecida foi inicialmente produzida como uma minissérie de 4 capítulos, exibida na Rede Globo de Televisão em janeiro de 1998. Devido ao grande sucesso obtido, o diretor Guel Arraes e a Globo Filmes resolveram preparar uma versão para o cinema, que contém 100 minutos a menos que o tempo total da minissérie. Trata-se do primeiro filme feito inteiramente pela Globo Filmes, desde a idéia até seu desenvolvimento.
O Auto da Compadecida foi filmado em Cabaceiras, no sertão da Paraíba, uma cidade próxima a Taperoá, cidade em que as aventuras de João Grilo e Chicó são retratadas na peça teatral de Ariano Suassuna. Apesar de já ter sido exibida gratuitamente na televisão, a versão para o cinema de O Auto da Compadecida foi um grande sucesso, tendo levado aos cinemas mais de 2 milhões de espectadores.

Tomates Verdes Fritos

Um filme simples, mas que encanta com sua simplicidade. "Tomates Verdes Fritos" traz uma história sutil sobre amor e amizade, contada de uma forma bastante atraente.
O trunfo do filme, para quem assistiu e pode perceber, está no fato de desenvolver a história de uma forma bastante sutil. Independente do tipo de relação que Ruth e Idgie constroem, a ênfase é dada apenas ao sentimento que as une. Até mesmo a antipatia que as duas mulheres despertam em habitantes mais conservadores da cidade não está ligada ao fato das duas estarem juntas, mas sim por elas tratarem com igualdade todos os excluídos da sociedade de então.
A história faz chorar várias vezes e tem algumas passagens realmente impróprias para menores de 14 anos. Trata essencialmente de coragem: coragem de superar perdas, de quebrar tabus, de enfrentar preconceitos de várias cores e tamanhos e também de se permitir uma boa amizade. A gente alterna riso e choro com muita facilidade, graças ao trabalho de três gerações de atrizes: Jessica Tandy, Kathy Bates, Mary Stuart Masterson e Mary-Louise Parker. O trabalho delas é de encher os olhos, quase não se sente passar as duas horas do filme.
Nem fotografia extraordinária, nem trilha sonora espetacular ou até mesmo uma direção primorosa. Não que esses aspectos não estejam bastante bem coordenados, mas o que detém a atenção, independente de outras coisas, é mesmo a trama propriamente dita. Assim como o personagem de Evelyn, nos vemos cada vez mais envolvidos na história de Ruth e Idgie, sempre querendo saber o que mais aconteceu. A responsabilidade por tornar os personagens envolventes coube perfeitamente às atrizes escaladas para viverem as protagonistas. Mary Stuart Masterson, apesar de permanecer até hoje um talento desconhecido do grande público, dá vida lindamente à Idgie e Mary-Louise Parker constrói uma Ruth complexa, simultaneamente forte e extremamente frágil. As veteranas Kathy Bates e Jessica Tandy dispensam defesas. A elas, inclusive, coube a maioria das indicações a prêmios levadas pelo filme.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Pulp Fiction - Tempo de Violência


Três histórias são apresentadas de forma não cronológica. Numa, conhecemos Vincent Vega (John Travolta) e Jules Winnfield (Samuel L. Jackson), dois mafiosos que vão cobrar dinheiro. Noutra história, Vincent tem que levar a mulher do seu patrão (Uma Thurman) para se divertir enquanto ele viaja, mesmo com todos os boatos que rodeiam o caso. Por último, conhecemos Butch Coolidge (Bruce Willis), um lutador que deve lutar num combate com um vencedor já definido.Todas estas histórias têm algo em comum: falam todas de um mundo de crime, sexo, violência e drogas. Resumindo, estão garantidas mais de duas horas de pura diversão com o humor negro que só um gênio como Quentin Tarantino sabe oferecer. E como já é habitual no realizador, o filme não segue um fio cronológico linear. Opta em vez disso por contar as histórias sem um tempo de base definido, mas no entanto, nunca nos sentimos perdidos, pois no final tudo se encaixa perfeitamente bem.
O elenco é de luxo: desde a grande interpretação de John Travolta (que revitalizou a sua carreira), passando por Samuel L. Jackson, Christopher Walken, Bruce Willis, Uma Thurman, a portuguesa Maria de Medeiros, até ao pequeno papel de Tarantino. Todos eles estiveram tão bem nos seus papéis que é complicado destacar apenas um.
Estas interpretações de qualidade devem-se precisamente ao argumento e originaram momentos únicos, tensos, divertidos e memoráveis da história do cinema. Como exemplos, temos a famosa dança das personagens de Travolta e Thurman e Samuel L. Jackson a recitar uma passagem da bíblia que fala de vingança.
Todo o mérito do sucesso de Pulp Fiction é de Tarantino. Gastou apenas 8 milhões para fazer um dos melhores filmes de sempre e faturou mais de 200 em todo o mundo. É um excelente realizador e diretor de atores e filma como ninguém. Escolheu por diversas vezes cenas longas, mas que nunca se tornam cansativos. Outro ponto fortíssimo de Pulp Fiction é sua banda sonora, que encaixa na perfeição e nos mantém agarrados á cadeira até ao último segundo! Quem é que não se lembra da famosa: "Girl, You'll Be a Woman Soon" ou da música da famosa dança "You Never Can Tell"?Resumindo, Pulp Fiction é uma obra genial e impossível de definir numa só palavra. Foi igualmente o filme que revolucionou o cinema independente norte-americano e que definiu Tarantino como um dos melhores e mais originais realizadores de sempre.

Os Bons Companheiros

Baseada em fatos reais, esta é a obra-prima sobre a Máfia de Martin Scorsese, através dos olhos de Henry Hill (Ray Liotta), norte americano meio italiano, meio irlandês, e como ele se desenvolveu dentro da Máfia desde que foi criança. Um retrato extremamente violento da organização. O filme conta a trajetória de Henry e de seus dois amigos mafiosos Tommy (Joe Pesci) e James Conway (Robert De Niro). Eles são companheiros inseparáveis, e nem a máfia, o poder e as drogas parecem conseguir destruir essa amizade.
Garoto do Brooklyn, Nova York, que sempre sonhou ser gângster, começa sua "carreira" aos 11 anos e se torna protegido de um mafioso em ascensão. Sendo tratado como filho por mais de vinte anos, envolve-se através do tempo em golpes cada vez maiores. Neste período acaba se casando, mas tem uma amante, que visita regularmente. Não consegue ser um membro efetivo, pois seu pai era irlandês, mas no auge do prestígio se envolve com o tráfico de drogas e ganha muito dinheiro, além de participar de grandes roubos, mas seu destino estava traçado, pois estava na mira dos agentes federais.
Oscar de melhor ator coadjuvante (Joe Pesci).