sexta-feira, 30 de maio de 2008

Como Água Para Chocolate


O filme mexicano Como Água Para Chocolate, de 1992, é baseado no livro homônimo de Laura Esquivel e carrega uma forte dose do realismo fantástico latino-americano que Gabriel Garcia Marquez e Juan Rulfo tornaram famoso, só que um toque mais feminino e menos árido - um pouco menos, apenas.

A história do amor entre Tita (Lumi Cavazos) e Pedro (o ator italiano Marco Leonardi) é contada por uma descendente de ambos entre rios de lágrimas - mas o filme de jeito nenhum é triste, por exemplo, a cena inicial: "quando as lágrimas que derramou ao nascer finalmente secaram, viram que o que restou foram vinte quilos de sal - que usaram para cozinhar por muitos anos".

O filme dirigido por Alfonso Arau acabou por derivar outro livro, a compilação de receitas Apetite por paixão, prefaciado pela própria Laura Esquivel; infelizmente não são as mesmas receitas que Tita cozinha (como as codornizes ao molho de pétalas de rosas) mas não faz mal porque, ela mesma repete ao longo do filme, o segredo é fazê-las com muito amor.

Uma curiosidade: A personagem Esperanza, quando adulta, foi interpretada por Sandra Arau Esquivel, filha do diretor e da autora/roteirista que acabou por seguir a carreira do pai.

domingo, 18 de maio de 2008

O Carteiro e o Poeta


O filme O carteiro e o Poeta (Il postino, 1994), de Michael Radford, narra a história (fictícia) da amizade entre o poeta chileno Pablo Neruda (Philippe Noiret) e Mario Ruppuolo (Massimo Troisi), carteiro incumbido de entregar a sua abundante correspondência.
A princípio distante, o poeta acaba cativado pela candura do carteiro, o qual, por sua vez, fica encantado com essa aproximação. Apaixonado pela filha da proprietária da taverna local, a bela Beatrice Russo (Maria Grazia Cucinotta), Mario tem a esperança de que "Don Pablo" o ajude a conquistar o coração da sua amada. A história se passa numa ilha de pescadores no sul da Itália, começo da década de 1950, onde Neruda se encontrava exilado.
O maior trunfo de O Carteiro e o Poeta é a irresistível interpretação de Massimo Troisi. O ator constrói seu personagem na medida certa, quase minimalista, em delicados meios-tons: contido, hesitante, tímido, deixando a emoção fluir com um misto de recato e humor. Para contrabalançar, o Neruda de Philippe Noiret (o grande ator francês de Cinema Paradiso, de Giuseppe Tornatore, entre muitos outros) é um indivíduo em plena maturidade artística e emocional, autoconfiante e ciente do próprio charme e da admiração que sua figura pública provoca.
Foi um filme recebido com grande emoção pelo público na época do lançamento. Foi candidato ao Oscar de Melhor Filme de 1996 - desde 1973, ano em que Gritos e Sussurros, obra-prima de Ingmar Bergman, foi um dos indicados, um filme de língua não inglesa não era escolhido para ser um dos cinco finalistas do prêmio - e também concorreu aos prêmios de direção, ator (Massimo Troisi), roteiro adaptado e música (Luis Henrique Bacalov), mas ganhou apenas nessa última categoria.
O ator e roteirista Massimo Troisi, 41 anos, que sofria de uma cardiopatia, morreu no dia seguinte ao término das filmagens.