domingo, 15 de fevereiro de 2009

O Incrível Exército de Brancaleone



Este clássico do cinema italiano, retrata os costumes da cavalaria medieval através de uma demolidora e bem humorada sátira. A figura central é Brancaleone, um cavaleiro atrapalhado que lidera um pequeno e esfarrapado exército, perambulando pela Europa em busca de um feudo. Trata-se de uma paródia a D. Quixote de Cervantes.
O filme consegue ser hilário, mesmo na reconstituição dos aspectos mais avassaladores da crise do século XIV, representados pela trilogia "guerra, peste e fome". Utilizando-se sempre da sátira, o filme de Monicelli focaliza a decadência das relações sociais no mundo feudal, o poder da Igreja católica, o cisma do Oriente e a presença dos sarracenos.
Na sua autobiografia, L´Arte della Commedia , Monicelli revelou que o roteiro nasceu de uma sinopse sobre camponeses medievais e suas desventuras, mas o projeto foi abandonado quinze anos antes do filme, em 1950. Na tese de João André Brito Garboggini, o célebre autor conheceu a chamada "comédia italiana" nos anos 30, quando a crítica era refratária a este gênero. Porém, o seu Armatta Brancaleone nasceu quando a comédia chegou ao zênite na Itália e num contexto em que esse tipo de cinema não era tido meramente como arte "evasiva".
Na verdade, o que Monicelli se propõe no filme é a crítica pela sátira e a mais pura contestação política. Mais do que isso, segundo Garboggini, ao pesquisar sobre a vida do velho cineasta, o roteiro contém muitos elementos da vida de seu criador. Mario explicou ao professor que a tal história quixotesca da armada de Brancaleone é, na verdade, uma crítica aos líderes políticos que investem tanto numa causa que eles julgam como correta e vêem os seus sonhos se transformarem em nada, de verem as suas investidas recaírem num cúmulo de "furadas", como nos cômicos da película.

Nenhum comentário: