quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Adeus, Lênin!

A maior e melhor característica de Adeus, Lênin não é sua análise ou seu posicionamento crítico sobre a Alemanha que não deu certo, mas o carinho que o diretor mostra ao construir cada cena, ao apresentar cada personagem.

O filme de Wolfgang Becker poderia recorrer ao estereótipo do filme de família, mas, ao contrário, abraça um realismo quase fantástico para falar de amor. Amor entre filho e mãe, sobretudo. Para ajudar sua mãe a se recuperar de um recém-saído estado de coma, o personagem de Daniel Bruhl, um ator surpreendente, resolve mudar a história. Ele restaura a Alemanha Oriental pré-derrubada do Muro de Berlim em depoimentos, vídeos forjados e vidros de pepinos em conserva. Tudo para evitar que a mãe, socialista de carteirinha - e ainda instável depois de despertar de um sono de sete meses, acredite que nada mudou.

Mas sustentar um universo inteiro é complicado e o bom filho precisa fazer com que as mudanças na Alemanha aconteçam aos poucos. Aos poucos, Bruhl refaz a história e cria sua Alemanha perfeita. Comanda mudanças, abraça exilados e multinacionais. E o mundo de seus sonhos passados vai se tornando possível. Wolfgang Becker quis retornar para sua Alemanha idealizada e fez essa viagem com carinho. A família protagonista revela um amor e um cuidado entre seus integrantes que pouco combinam com o estereótipo gélido do alemão comum.

Daniel Bruhl comanda um elenco interadíssimo, onde quase todos têm seu destaque. Sua interpretação é tão despretensiosa e envolvente que torcer por sua personagem é obrigatório. Ao seu lado, Maria Simon, que foge das prisões de uma personagem maluquinha para nos entregar uma filha preocupada, e Chulpan Khamatova, com a namorada-enfermeira apaixonante.

Mas Katrin Saß é quem tem a melhor cena do filme. Quando levanta da cama para olhar Berlim de perto, e vê Lênin voar sobre as ruas da cidade, a atriz representa um povo inteiro que viu seu passado de pedra ir embora pelos ares. Wolfgang Becker brinda ao fim das utopias, com delicadeza para não quebrar as taças.

5 comentários:

Pendréz Mentos disse...

hm..
Muito bom o blog!!!

Parabéns!

blog disse...

É um ótimo filme, uma sátira ao ideal comunista, ao mesmo tempo em que revela o amor de um filho por sua mãe.
O título é perfeito.

Rafael Puime disse...

Realmente é um ótimo filme!! Esta na minha lista de favoritos! Alias, diversos titulos do blog estão. Muito bom o blog, parabens!

MaxReinert disse...

Ótimo filme....

Uma bela crítica e ao mesmo tempo engraçado e carinhoso...
assim mesmo como vc falou!!!

Corretíssima!

Anônimo disse...

Adeus Lênin *-*
eu sou apaixonada por esse filme,e pelo Daniel Bruhl mais ainda!

Otimooo :D